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7 de abr. de 2025
A Universidade Federal do Piauí (UFPI) assume a liderança de um projeto promissor para a produção de hidrogênio verde (H2V) utilizando recursos naturais abundantes na Caatinga. A inovadora iniciativa, desenvolvida em colaboração com a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Piauí (FAPEPI), foi um dos 13 projetos selecionados em âmbito nacional pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), garantindo um financiamento de R$ 14,5 milhões.
Denominado H2V-PI, o projeto propõe uma abordagem sustentável para a geração de hidrogênio, combinando a energia solar com a biomassa característica do semiárido piauiense. O objetivo central é o desenvolvimento de tecnologias mais acessíveis e adaptadas à realidade local, buscando reduzir a dependência de métodos convencionais baseados unicamente na eletrólise da água com energia solar ou eólica. Ao integrar ciência, preservação ambiental e desenvolvimento socioeconômico, a iniciativa visa gerar novas oportunidades de emprego e consolidar o Piauí como um protagonista na construção de um novo modelo energético para o país.
A coordenação do estudo está a cargo dos professores Josy Anteveli Osajima e Edson Cavalcanti da Silva Filho, reunindo uma equipe multidisciplinar de especialistas nas áreas de química, engenharia, física e biotecnologia.
De acordo com a professora Josy, o expressivo investimento viabilizará a instalação da infraestrutura essencial, incluindo laboratórios e equipamentos de ponta, além da capacitação de profissionais altamente qualificados. “A proposta é valorizar a biomassa de matérias orgânicas e resíduos agroindustriais, vastamente disponíveis no sertão, como uma alternativa estratégica em regiões com escassez de água doce, a exemplo da Caatinga”, enfatiza.
Como Ocorrerá a Produção de H2V?
O projeto H2V-PI integrará duas metodologias principais:
• Eletrólise da água com energia solar: O método tradicional de separação do hidrogênio e oxigênio da água, alimentado por energia fotovoltaica.
• Pirólise da biomassa: Um diferencial do projeto, essa técnica inovadora consiste no aquecimento de resíduos orgânicos da Caatinga em um ambiente sem oxigênio. Esse processo gera bio-óleo e gás, que podem ser subsequentemente transformados em hidrogênio, otimizando o aproveitamento de recursos locais e minimizando o desperdício de matéria-prima.
O cronograma do projeto prevê uma execução de três anos, divididos em etapas cruciais que abrangem testes em escala piloto, o aprimoramento dos processos desenvolvidos e a realização de estudos de viabilidade econômica.
Piauí: Protagonismo na Produção de Energia Limpa
Projetos como o HV2-PI, confirmam o destaque do Piauí no cenário nacional, como um importante polo de inovação em energias renováveis. Esse avanço científico reforça a relevância e a importância de discussões sobre o futuro da energia no Brasil, abrindo o palco para a Brazil Energy Conference. O evento está marcado para junho, em Teresina- PI, e reunirá especialistas, instituições e empresas para debater a adoção de tecnologias limpas e os caminhos para uma transição energética justa, eficiente e inclusiva.
A realização da Brazil Energy Conference no coração do Nordeste é mais do que simbólica, é o reconhecimento do papel estratégico do Piauí como território de inovação, pesquisa e políticas sustentáveis.
Com potencial solar, eólico e agora também com iniciativas voltadas ao hidrogênio verde, o estado dá passos firmes rumo a uma economia mais verde e resiliente, mostrando que a sustentabilidade pode e deve caminhar junto com o progresso socioeconômico.